sábado, 1 de agosto de 2009

EM FASE DE REESTRUTURAÇÃO, VASCO CELEBRA 35 ANOS DE SEU PRIMEIRO TÍTULO BRASILEIRO!

O Vasco vive um momento de redescoberta de sua identidade. No presente, o time segue uma inédita e incômoda trajetória na Série B do Brasileirão. Algo antes impensável para um clube acostumado a figurar sempre entre os melhores do futebol brasileiro. Nos arquivos históricos é fácil verificar a importância vascaína na divisão principal, seja na revelação de artilheiros ou no protagonismo de partidas decisivas. Na galeria de troféus em São Januário, há espaço especial para as quatro taças de campeão brasileiro, conquistadas uma a cada década: 74, 89, 97 e 2000. Se falta inspiração ao time atual para resgatar a grandeza do Gigante da Colina, um bom caminho é seguir o exemplo da primeira equipe campeã, há exatos 35 anos.

No dia 1º de agosto de 1974, o Vasco entrava no Maracanã para disputar a decisão da quarta edição do Campeonato Brasileiro contra o Cruzeiro, o que por si só já representava uma grande vitória. Os vascaínos nem de longe eram apontados como favoritos ao título antes do começo do torneio. Os adversários contavam com elencos recheados de estrelas. O Flamengo vinha com Zico e Dadá Maravilha, o Internacional com Falcão e Figueroa, o Cruzeiro com Palinha e Nelinho, e o Santos com ninguém menos que Pelé. Contrariando as previsões, o elenco cruzmaltino triunfaria no fim, consagrando o artilheiro Roberto Dinamite, então com 20 anos.

O CAMINHO SUPREENDENTE ATÉ O TÍTULO:

Na primeira fase do campeonato, os 40 times foram divididos em dois grupos de 20. O Vasco caiu no Grupo A e teve uma campanha regular, ficando apenas na sétima colocação, com 22 pontos. Na segunda fase, as equipes foram divididas em quatro chaves de seis, com os vascaínos presentes no Grupo 2 com Corinthians, Atlético-MG, Vitória, Nacional-AM e Operário-MS. Nesta fase, o time começou a se destacar e mostrar que tinha mais valor do que era apontado pelos críticos. Conseguiu a primeira colocação, vencendo três partidas e empatando outras duas. O desempenho lhe garantiu uma vaga no quadrangular final, ao lado de Cruzeiro, Internacional e Santos.

Na última fase da competição, os times se enfrentariam em turno único. Quem tivesse mais pontos seria o campeão. A primeira prova de fogo era o Santos, que além de Pelé, em seu último ano na Vila Belmiro, contava ainda com os também campeões mundiais em 70 Clodoaldo e Edu, além de Cejas e Marinho Peres. Aos 15 minutos do primeiro tempo, Luís Carlos abriu o placar para os cariocas no Maracanã. Aos 30 minutos do segundo tempo, Pelé empatou o jogo em cobrança de falta. A situação ficava tensa para os mais de 97 mil torcedores que incentivavam o Vasco. Mas faltando apenas quatro minutos para o fim, Roberto Dinamite fez o gol que garantiu a suada vitória por 2 a 1.


O segundo desafio era contra o Cruzeiro, no Mineirão. O favoritismo era todo celeste, que tinha a melhor campanha do campeonato. Ninguém acreditava em outro placar que não fosse a vitória dos mineiros. E o prognóstico parecia se confirmar após o gol de Zé Carlos, aos 44 minutos do primeiro tempo. O Vasco, porém, conseguiu o empate aos 13 minutos do segundo tempo, com um jogador de apelido curioso: o lateral Alfinete. Mas os protagonistas desta partida acabaram sendo outros: o dirigente Carmine Furletti e o técnico Hilton Chaves, ambos do clube mineiro. Eles invadiram o gramado nos minutos finais e partiram para cima do árbitro Sebastião Rufino e de um dos seus auxiliares. Reclamavam de um suposto pênalti a favor do Cruzeiro que não fora marcado. Aquele episódio teria uma grande repercussão na sequência do campeonato.

Veio então a última partida contra o Internacional, no dia 28 de julho. Bastava uma vitória para que vascaínos conquistassem o título. Mais de 110 mil torcedores compareceram ao Maracanã. E a missão parecia até fácil no início. Nos primeiros vinte minutos, 2 a 0, gols de Roberto e Zanata. No intervalo de jogo, a taça parecia ter caminho certo. Mas o Inter não era adversário para ser subestimado. Veio o segundo tempo, e Lula e Escurinho empataram a partida para os gaúchos. Um balde de água fria na torcida cruzmaltina. O Cruzeiro vencera o Santos por 3 a 1 no Morumbi e se igualara ao Vasco em pontos. Como previa o regulamento, o troféu teria de ser disputado em um jogo extra.

A POLÊMICA DECISÃO DO BRASILEIRO DE 74:


Como o Cruzeiro tinha a melhor campanha do Brasileiro, a partida seria disputada no Mineirão, segundo o regulamento. Mas este, no artigo 59, também informava que se houvesse qualquer tipo de agressão de dirigentes ou torcedores ao árbitro, a tabela do campeonato seria mudada, de modo a inverter o mando dos três jogos seguintes da equipe infratora. A diretoria do Vasco, baseada neste artigo, pediu a mudança do local da partida do Mineirão para o Maracanã. A CBD (entidade que precedeu a CBF) decidiu esperar pelo julgamento de Carmine Furletti e Hilton Chaves para dar o veredito. Os dirigentes celestes acabaram por aceitar a mudança antes mesmo do julgamento.

No dia 1º de agosto, as equipes entraram no Maracanã sob os olhares de 112 mil torcedores. Como era de se esperar, foi uma partida nervosa, marcada por lances polêmicos. O Vasco teve um gol anulado de Jorginho Carvoeiro no primeiro tempo, em impedimento duvidoso. O Cruzeiro também teve um gol não validado de Zé Carlos, nos últimos minutos de jogo, em impedimento inexistente.

Mas também aconteceram lances de emoção e de qualidade técnica por parte dos jogadores. Aos 14 minutos do primeiro tempo, em uma cobrança de falta ensaiada, Zanata rolou para o chute de Fidélis. No meio do caminho, Ademir mandou para dentro do gol: 1 a 0 Vasco. No segundo tempo, o Cruzeiro empatou aos 19 minutos, em uma bomba de Nelinho. Aos 33, porém, o ponta Jorginho Carvoeiro recebeu ótimo passe de Alcir Portela, disputou a bola com o goleiro Vitor e se esticou todo para mandar para dentro da rede: 2 a 1. O Maracanã explodia em festa. O apito final sacramentou o primeiro título de um time carioca no Campeonato Brasileiro e o início de uma trajetória de muitas glórias vascaínas no cenário nacional.

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